As entidades que defendem o direito à comunicação em Pernambuco uniram-se ao movimento “Eu Quero Nadar no Capibaribe e você?” para lançar a campanha “Para Expressar a Liberdade” com festa. Em pleno domingo de sol no Recife, neste dia 26, os movimentos organizaram uma praia às margens do rio Capibaribe, próximo ao Museu Murillo la Grega, para mostrar à população que liberdade de expressão tem tudo haver com muitas outras lutas da sociedade. E que dá, sim, para unir militância e diversão.
Mais de 300 pessoas responderam ao chamado e curtiram um domingo diferente. Cadeiras de praia, piscina de plástico, bebidas e comidas típicas da beira do mar ocuparam o jardim do museu e também a orla do Capibaribe. Quem compareceu teve a oportunidade de conhecer a campanha e refletir um pouco sobre a necessidade de se garantir o direito à comunicação para todos os brasileiros.
Durante o dia inteiro, integrantes da União dos Estudantes de Pernambuco pintaram camisetas usando estêncil e distribuíram para quem quisesse. Houve também quem preferisse fazer seus próprios moldes com frases como “Capibaribe limpo”, “Wifi para o meu povo” e “Democratização Já”.
Ao cair da noite, um outdoor em branco virou tela de cinema para a apresentação de vários vídeos, inclusive o filme “Cordel da Regulamentação da Comunicação (ou: A peleja de Marco Regulatório e Conceição Pública na Terra Sei Lei dos Coronéis Eletrônicos), produzido pelo Centro de Cultura Luiz Freire especialmente para a campanha.
Para o urbanista e produtor Julien Ineichen, um dos criadores da Praia, o evento descontraído traz uma nova maneira de se fazer militância. “Esta praia foi um ótimo exemplo para mostrar que à liberdade de expressão não rima só com bons discursos, mas também com o atitudes espertas”. Além de defender a limpeza do rio que cruza o Recife de uma ponta a outra (para onde escorrem esgotos da cidade inteira), o “Eu Quero Nadar no Capibaribe e Você?” propõe a difusão de práticas ecológicas no dia a dia através de vídeos que chamam de “cápsulas verdes”. Um parceiro perfeito para quem acredita que a comunicação no Brasil pode cumprir um papel social diferente.
“A ideia principal era trazer para essa discussão pessoas que normalmente não acompanham a discussão sobre comunicação. Gente que quer viver num mundo melhor e que pode unir suas forças às nossas”, afirmou Raquel Lasalvia, do Fórum Pernambucano de Comunicação e uma das articuladoras da campanha no estado.
Deu certo. O empresário Pedro Macêdo foi com a família e gostou do programa diferente de domingo. “Foi muito bom ver amigos, ativistas e curiosos juntos em prol de uma causa tão importante e que há tempos precisa de um debate sério”. A psicóloga Poly Camarotti filosofou “Estivemos todos nessa praia sob o sol da liberdade”.
Militantes de diversas causas também bateram ponto na praia do La Greca e conversaram sobre como a comunicação afeta seu dia a dia. É o caso de Lúcio Flausino, da Bicicletada. “Os meios de comunicação poderiam cumprir um papel muito importante se discutissem a questão do transporte urbano com mais seriedade. Ainda falta muito espaço para se discutir os direitos dos ciclistas e a necessidade de mais espaço para quem prefere não andar de carro”, avalia.
Um grupo de feministas montou um ‘quartel general’ numa barraca de acampar, de onde saíram diversos cartazes que chamavam a atenção para o machismo e a homofobia presentes na comunicação e, em especial, na publicidade. “Liberdade de expressão não pode ser igual a liberdade de opressão. Ainda existe muito sexismo e muita homofobia na mídia e já está na hora de todo mundo se indignar com isso”, argumentou Patrícia Carvalho, da Marcha das Vadias.
A campanha
A campanha nacional “Para Expressar a Liberdade” é uma iniciativa de dezenas de entidades da sociedade civil que defendem a implementação de uma regulação para a comunicação através de uma nova lei geral. Durante esta semana, outros sete estados realizam suas atividades de lançamento com debates, seminários, mostras de vídeo e rodas de diálogo. Para saber mais, visite www.paraexpressaraliberdade.org.br .
Fonte: Para expressar a liberdade e UJS-Recife
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