“A justiça devia estar muito doente para convocar aos ilustres magistrados de tão alto tribunal para trabalhar em um quarto de hospital”, disse Fidel que estava sob custódia no Hospital Civil Saturnino Lora (uma manobra do governo para afastar a opinião pública do processo judicial). Do pequeno quarto, cheio de militares hostis, o comandante fez a própria defesa baseada no artigo 40 da Constituição de 1940, que considerava legítima a resistência para preservar o direito conquistado para os indivíduos e a nação.
“Em que país está vivendo o senhor promotor? Quem disse que nós promovemos uma revolta contra os poderes constitucionais do Estado? (…) Constituição legítima é aquela que emana diretamente do povo soberano”, disse Fidel em seu juízo.
Marta Rojas ainda era uma jovem jornalista cubana quando acompanhou o histórico discurso. Ela recordou no jornal Granma que Fidel Castro, “com a voz enérgica”, explicou detalhadamente o projeto econômico, político e social da revolução que encabeçaria poucos anos depois.

Durante o seu juízo, Fidel enfatizou que o autor intelectual do assalto ao Moncada era, na verdade, José Martí (fundador do Partido Revolucionário Cubano), porque os revolucionários tinham o propósito de refundar a República de acordo com seus ideais. Ele denunciou também a crueldade dos excessos da sangrenta ditadura de Batista, que acrescentou à lista de abusos e ultrajes o assassinato de numerosos rebeldes que participaram do assalto ao quartel Moncada.
Na ocasião do ataque, o jovem advogado e seus companheiros não conseguiram a vitória, mas suas ideias haveriam de triunfar. E agora, 60 anos depois, o motivo é de comemoração pela anistia do tempo ao líder cubano que, em 1953, disse: “Me condenem, não importa. A história me absolverá”.
Quartel Moncada (Foto: AFP)Na terça-feira (15), a jornalista Marta Rojas, juristas e historiadores de várias províncias de Cuba desenvolveram uma jornada científica que abordou aspectos legais e historiográficos do acontecimento, a respeito do qual continuam se lançando novas luzes apesar das profusas investigações e publicações que o refletiram.
Atualmente, no parque-museu Abel Santamaría (Cuba) conservam-se depoimentos materiais daquela sessão judicial.
Por Théa Rodrigues, da redação do Vermelho (Fotos: AFP)
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